Episodes

  • Clareza de Pensamento: boas (e pequenas) escolhas que transformam a escrita
    May 15 2025

    #117 – Embora nem sempre um ato de urgência, a escrita – ao menos para as pessoas entretidas no ofício – é uma prioridade.

    Escrevemos para saber onde estamos, e para onde vamos. Escrevemos para dar corpo ao nosso corpo. Para abrir os olhos. E para fechá-los.

    E para isso, será preciso conceber um lugar sereno a partir do qual nos assentamos. Um jardim, um pequeno templo. Um tatame. A terra úmida onde enterrar a semente. Um lugar predominantemente psíquico.

    O problema é que as condições para a criação quase nunca serão perfeitas. Você sabe disso. A figura do escritor monástico no alto de um penhasco, olhando tudo do alto com bravura, ousadia, solidão subjetivante, ferramentas à mão, é uma redonda miragem. Herança, talvez, de um narcisismo primário, de uma primeira infância na qual bastava sonhar e o sonho se realizava.

    Viver é escorregar. E equilibrar a saúde mental às escolhas inerentes à escrita – tema, estofos dos personagens, estilo e complexidade narrativa – tampouco são fáceis.

    O que nos falta, muitas vezes, é clareza de pensamento.

    Mas o que se sabe sobre isso? Como construi-la? Onde encontrá-la? Como identificá-la?

    Neste episódio do Prelo, converso sobre a importância das boas escolhas que nos permitem assenhorar-se, ainda que de modo provisório, das circunstâncias para que a viagem da criação artística seja concreta.


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    36 mins
  • Inspiração e Devaneio na Prática Regular da Escrita
    Apr 17 2025

    #116 – É um caminho comum. O desejo da escrita se torna projeto. Tornando-se projeto, vira tarefa. E como tarefa, aliena-se. É algo a mais a cumprir. Perde o sentido.

    Se o ofício requer prática, recorrência, assiduidade, torna-se fundamental aprender uma prática dentro da prática: aquela que impede a escrita de se converter em exercício: repetição mecânica, protocolar, que busque o caminho mais curto, o caminho do lugar comum, do discursivo, do mero pertencimento a um grupo, a um corpo de expectativas.

    Escrever pode ser prazeroso. O que nunca poderá se tornar é conveniente.

    Algumas condições subjetivas tornam a escrita possível. E mais que possível – fluida, feliz, estimulante. Deixar os pensamentos flutuarem, os olhos descansarem sobre as coisas. Deixar-se impregnar. Deixar-se levar pelos rios, afluentes, regatos associativos. Estancar em uma preocupação, em um constrangimento da infância. Descer por esta toca de coelho. Tatear às escuras.

    Neste novo episódio de Prelo, falo da inspiração e do devaneio na prática regular da Escrita.

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    40 mins
  • No princípio era a estrada: as caminhadas de Rimbaud, os sentidos da peregrinação, a jornada como transformação pessoal
    Apr 3 2025

    #115 – Quando era muito jovem, Rimbaud escreveu: “Sou um pedestre, nada mais.”

    Caminhar é despedir-se. É acolher o novo que se torna antigo, e que parte. Toda vez é a última vez. Toda vez é a primeira vez.

    Nas palavras de Frédéric Gros, "quem caminha por geleiras sem nome, céus sem amanhã e pradarias sem história dispersa lascas cortantes de seu olhar, que se cravarão nas coisas. Se caminha, é para fazer uma incisão na opacidade do mundo. [...] O peregrino é uma metáfora da condição humana."

    Caminhar é fazer do dia uma obra de arte. E, como em certas culturas africanas, a obra de arte é uma espécie de segredo fugidio. Não é vista antes que o espectador esteja preparado para vê-la.

    É como aquele conselho que não significa nada até estarmos suficientemente maduros para escutá-lo.

    E aí ele significa tanta coisa!

    No novo episódio de Prelo, percorremos os passos de Rimbaud e de outros caminhantes. E compreendemos por que a caminhada é uma companhia para o pensamento e a literatura.

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    23 mins
  • Campo de Estrelas: talento e processo, as projeções na criação, a participação do inconsciente na escrita
    Mar 13 2025

    #114 – Quando era criança, era minha tia que contava as histórias. E foi o meu irmão, três anos e meio mais velho do que eu, que tinha originalmente o sonho de ser escritor. Ele preenchia seu caderno com ideias e títulos para histórias aventurescas, e criava fanzines, ilustrava essas histórias e partia para a aventura seguinte.

    Nada me fascinava mais do que isso. O ato de contar e de escutar histórias é sempre criativo. Olhamos para o céu, em torno da fogueira, e lá encontramos os nossos personagens, o nosso destino, a projeção dos nossos desejos.

    Neste episódio de Prelo, conversamos sobre a participação do inconsciente no processo. Da importância de sempre começar, de descobrir a inocência do movimento. E de como frequentemente superestimamos a ideia de talento nas artes.

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    24 mins
  • Voltar a escrever com as mãos: o resgate do caderno e da caneta
    Feb 27 2025

    #113 – Com tantas distrações e chamarizes, com tanto preparo que antecede a prática, o ato artístico, com tanto ruído e falsas necessidades, o caderno e a caneta podem ser os melhores amigos da escritora, do escritor.

    Certos livros pedem um retorno às origens, ao prazer primordial em deitar as palavras num caderno, ao tempo dos diários, ao tempo do livre devaneio. Certos livros pedem que você faça isso – lançar-se às palavras. Deixar a revisão excessiva para um segundo momento. Não voltar atrás.

    Neste episódio de Prelo, falamos da escrita orgânica e analógica do caderno & caneta. Apresentamos um cronograma, um procedimento e em que medida a sua prática pode se beneficiar com o manuscrito.

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    37 mins
  • Da escrita, um ofício: uma conversa com Juliana Feliz
    Feb 13 2025

    #112 – Uma das coisas mais bonitas de escrever é a oportunidade de fazer bons amigos.

    As amizades na vida adulta levam anos para se formar. A que tenho com a Juliana Feliz começou nas redes sociais. Ela acompanhava o canal e era bastante ativa por lá. Em 2021, inscreveu-se na formação para romancistas, ocasião em que conheci a sua produção literária, sua história como jornalista e o princípio de sua trilogia.

    Dois anos mais tarde, nos encontramos ao vivo na cidade do Porto, em Portugal, onde ela vive desde 2019 com toda a família – marido, filhas e os pais. Com o tempo, minha admiração por ela só cresceu. Naquela época, a Juliana dava aula de Escrita Criativa para adolescentes. Publicara As Cinzas de Altivez, um romance fantástico para o público jovem-adulto e que se tornara um bestseller na Amazon. O romance levou o The Wattys Awards em 2018, e foi indicado ao Prêmio Odisseia de Literatura Fantástica.

    Ano passado, acompanhei o lançamento de seu Peripécia Deck, um baralho narrativo projetado para ajudar escritores e roteiristas a estruturarem histórias de ficção, um ferramenta que também auxilia professores a desenvolverem atividades de Escrita Criativa, Língua Portuguesa, Literatura e Redação.

    Neste mês, a Juliana publica a terceira parte de sua trilogia fantástica. Achei que era hora de conversarmos.

    O novo episódio Prelo é esta conversa sobre um percurso notável e singular, e um vislumbre das possibilidades da escrita.

    Sobre a Juliana Feliz:

    Instagram: https://www.instagram.com/julianafelizescritora/
    Youtube: https://youtube.com/@JulianaFelizEscritora
    Trilogia Aventurada: https://www.amazon.com.br/dp/B0BZDZN4V9
    Peripécia Deck: https://julianafelizescritora.hotmart.host/peripeciadeck
    Contato: contato@julianafeliz.com
    Site: www.julianafeliz.com

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    1 hr and 15 mins
  • Imaginar: Sonhar o Livro, Testar Limites, Encontrar Energia, Negociar Desejos
    Jan 30 2025

    #111 – Nas aulas de psicanálise da faculdade de psicologia que cursei, havia uma máxima que os colegas costumavam achar muito misteriosa. Levava anos para que viéssemos de fato a compreendê-la. Era mais ou menos assim: para se relacionar com algo, o bebê precisa primeiro aluciná-lo.

    Sem linguagem, sem palavras, a realidade está mais para o informe que para a forma. A realidade seria uma torrente – ou várias – de estímulos sem origem, tempo ou lugar, se não chegássemos a construir a permanência das coisas dentro de nós. Há uma sabedoria do bebê de não presumir o que brota de dentro e o que chega de fora, do que faz parte de si, e do que não. As próprias fronteiras do eu são algo que foi criado, desenvolvido com o tempo.

    Se os filhos são nomeados, imaginados, desejados antes de nascer, não seria de se estranhar que os livros que escrevemos possam e devam passar pelo mesmo processo de simbolização.

    Para que o livro venha a existir, é preciso primeiro sonhá-lo – uma assertiva que borra os contornos da realidade, mas que não é menos verdadeira do que uma gestação.

    No novo episódio de Prelo, converso sobre a importância de inventar o livro antes que ele exista. Falaremos também sobre experimentar como modo de testar os limites da prosa, da ruptura da homeostase que toda mudança benéfica produz, e de como encontrar a energia e a disposição para as coisas mais importantes da vida.

    Neste episódio, faço referência ao livro Mastery, de George Leonard. Clique aqui para saber mais sobre o livro.

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    52 mins
  • Maestria: o caminho da orientação, da prática e da entrega à literatura
    Jan 16 2025

    #110 – Existe faixa preta em literatura? Quando alcançamos a maestria na escrita, e o que isso significa?

    Nesse episódio de Prelo, a escrita é vista como uma arte marcial. E como em toda prática, algumas chaves vão te orientar neste caminho.


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    34 mins