• Uma visita do Expresso ao Kosovo, onde se fala muito de futuro mas a política ainda é “nós e eles”
    Nov 24 2025

    Um pequeno país com uma guerra muito recente por uma independência que ainda nem é reconhecida por todos os países da União Europeia. Foi em 2008 que nasceu o Kosovo, um país de maioria albanesa (mais de 90%), mas que a Sérvia continua a considerar como uma província sua, que lhe foi roubada, com a ajuda direta da NATO, que em 1999 bombardeou Belgrado por “razões humanitárias”.

    Esse ataque nunca foi aprovado pelo Conselho de Segurança da ONU, e por isso é considerado ilegal à luz da lei internacional. Mas quem caminha em Pristina, a capital do Kosovo, depara-se em todo o lado com as homenagens dos habitantes aos maiores poderes da NATO, Reino Unido e Estados Unidos, em forma de bandeiras, nomes de ruas e avenidas e mesmo nos nomes das pessoas. “Tonibler” é um nome comum para um rapaz kosovar, devido à ligação do antigo-primeiro ministro britânico, Tony Blair, nessa decisão da NATO.

    Mas a norte ainda vivem muitos sérvios, por ter sido sempre a sua casa, e os seus direitos foram esquecidos neste novo Kosovo. O seu acesso à justiça é limitado, os seus direitos de associação também, a educação, a rede de apoios sociais, estabelecer um negócio, demonstrar livremente a sua religião, ortodoxa, tudo é mais difícil para um sérvio residente no Kosovo.

    E no horizonte, tanto para sérvios como para kosovares, a União Europeia, o mesmo sonho distante. De tempos a tempos, os problemas entre as duas comunidades voltam a ser notícia, trocam-se tiros, montam-se barricadas entre o norte e o sul, as forças de manutenção da paz voltam a ter de intervir, e, até agora, tudo isto tem passado com críticas mais ou menos duras de Bruxelas. No entanto, a guerra da Ucrânia está a voltar a fazer a Europa falar de “lados” certos e errados e os Balcãs Ocidentais, todos com pretensões de adesão à UE e todos eles em banho-maria há anos, ou décadas. A Sérvia deu início ao processo em 2009, tal como a Albânia. O risco de que possam passar a olhar para leste se desde lado se continuarmos sem lhes prestar atenção é real.

    O editor de internacional do Expresso foi convidado pelo Governo do Kosovo para uma visita ao país e neste episódio fala-nos de um país jovem, como muita vontade de um futuro europeu.


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    22 mins
  • COP30: é desta que vamos salvar o planeta?
    Nov 14 2025

    Em plena cimeira das Nações Unidas sobre o clima, chamamos ao debate um perito que há décadas se dedica às questões ambientais

    O convidado desta semana, Jorge Moreira da Silva, chegou de Belém no dia em que gravámos, tendo estado recentemente na Jamaica, onde pôde testemunhar os efeitos do furação Melissa naquela ilha das Caraíbas. Subsecretário-geral da ONU e diretor executivo da UNOPS, antigo eurodeputado e ministro do Ambiente, é a pessoa mais qualificada para explicar o que está em causa neste dossiê global.

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    34 mins
  • Quem ganha com a guerra no Sudão? Os interesses e os “grandes apetites” das potências também estão em jogo em África
    Nov 10 2025

    Depois de poças de sangue terem sido vistas do espaço, na sequência da chacina em El Fasher, no Sudão, os analistas Miguel Monjardino e Teresa Almeida Cravo debruçam-se sobre a situação humanitária, a credibilidade das forças em confronto e os interesses geopolíticos na região.

    Neste episódio de “O Mundo a Seus Pés”, Miguel Monjardino, professor de Relações Internacionais no Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica e analista em Geopolítica e Geoestratégia, e Teresa Almeida Cravo, professora de Relações Internacionais na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e investigadora no Centro de Estudos Sociais, na área da paz e dos conflitos, explicam a guerra contrarrevolucionária, que eclodiu em 2023 em resposta à campanha de quase cinco anos de ativistas que clamavam por um governo civil. Em vez de conceder qualquer poder aos civis, o aparelho de segurança virou-se contra si próprio e optou por prosseguir uma guerra que está a devastar o país.

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    36 mins
  • Operação policial mais mortal de sempre no Brasil: “64% dos moradores do Rio de Janeiro apoiaram a iniciativa” contra o crime organizado
    Nov 3 2025

    Uma megaoperação policial “sem precedentes” nas favelas do Rio de Janeiro chocou pela violência e pela letalidade. Oiça aqui o último episódio do podcast O Mundo A Seus Pés com a consultora política brasileira Gil Castillo.

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    15 mins
  • Vários ativistas detidos desde julho em Angola: um deles cumpre greve de fome há vários dias
    Oct 28 2025

    Após mais uma vigília pela libertação dos presos políticos abortada pelas forças de autoridade, um ativista e uma socióloga angolanos falam sobre a repressão de direitos como a liberdade de expressão e manifestação.

    O ativista Kim de Andrade e a socióloga Karina Carvalho, diretora da EthosGov, uma organização da sociedade civil portuguesa dedicada a combater a corrupção transnacional com enfoque na lusofonia, são os convidados desta edição para nos falarem das restrições à liberdade de expressão e de manifestação em Angola, desde 2017 já com João Lourenço na presidência.

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    39 mins
  • Até onde podem ir os ataques de Donald Trump à Venezuela?
    Oct 20 2025

    Com várias lanchas afundadas e quase 30 mortos, as investidas de Washington no mar das Caraíbas têm como justificação o envolvimento entre o regime autocrático venezuelano e o flagelo do narcotráfico. A tensão não cessa de crescer.

    Cada vez mais impopular, a ditadura de Nicolás Maduro na Venezuela recebeu novo abalo, no início do mês, com a atribuição do prémio Nobel da Paz a María Corina Machado, figura-mor da oposição democrática. Legitima-se assim, aos olhos do mundo, a candidata que o regime não deixou concorrer às presidenciais de 2024, que o atual Presidente “venceu” oficialmente, resultado que a comunidade internacional repudiou.

    Somam-se, nas últimas semanas, investidas com aviões e drones dos Estados Unidos contra barcos no sul do mar das Caraíbas, que Donald Trump acusa de estarem ligados ao cartel dos Soles e de transportarem drogas letais para o seu país.

    Para entender até onde irá o Presidente dos EUA e se o Governo bolivariano de Caracas está em risco, os jornalistas Catarina Maldonado Vasconcelos e Rui Cardoso são convidados de Pedro Cordeiro, editor da secção Internacional do Expresso, num episódio com edição técnica de João Martins e João Luís Amorim.

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  • “Estamos hoje mais longe da existência de um Estado ou liderança palestiniana viáveis” apesar dos últimos dois anos
    Oct 14 2025

    O acordo de paz reduziu o martírio dos palestinianos em Gaza e levou os reféns para os braços de quem os esperava. Isto sabemos. Sobre o desarmamento do Hamas não há certezas, sobre a reconstrução urgente ou sobre um modelo futuro de Governo do território também não. As violência interpalestiniana adensa-se, os colonos ameaçam, batem e matam na Cisjordânia e nem por isso Israel está mais seguro

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  • Israel-Hamas: Acordo é “o mínimo essencial”. Reconciliação, reparação e justiça “ficam para o fim do caminho”
    Oct 9 2025

    Israel e Hamas já têm um acordo assinado, está prevista a libertação dos 20 reféns vivos, todos de uma vez, e também de cerca de 1.950 presos palestinianos. Donald Trump foi essencial na assinatura deste acordo e é pouco provável que permita grandes desvios ao seu amigo Netanyahu.

    Talvez tudo isto esteja a acontecer porque Donald Trump quer mesmo muito vencer o Nobel da Paz, que se anuncia esta sexta-feira e, se perder, pode voltar a desinteressar-se pelo tema. Mas as pessoas que durante dois anos esperaram o regresso dos reféns, as pessoas que viveram sob bombardeamentos indiscriminados e passaram fome não estão interessadas nas razões do Presidente dos Estados Unidos, apenas que ele se esforce para que o cessar-fogo se torne permanente, que os reféns regressem e que a guerra não volte a eclodir.

    Os indicadores parecem alinhados para que isso se verifique: não só o ministro dos Negócios Estrangeiros, Gideon Sa’ar, já veio dizer que Israel não tenciona voltar às hostilidades, como o próprio Trump é esperado como convidado em Israel do domingo - e deve mesmo participar na reunião do gabinete de segurança de Israel esta quinta-feira, de forma a pressionar os mais periclitantes a aprovarem este documento de 20 pontos que garante “o mínimo essencial”, nas palavras da investigadora Joana Ricarte, que, neste episódio extra, explica ao Expresso o que está neste acordo e quais os cenários mais prováveis para a sua implantação.

    A posição de quem olha para a História a longo prazo, a atmosfera é de “otimismo cauteloso”. Não há “um horizonte político claro”, porque “toda a ideia futuro do estabelecimento de mecanismos de governação, desarmamento do Hamas, de alteração de situação política no terreno e retirada das tropas de Israel ainda são passos apresentados de forma genérica”. Além disso, continua Ricarte, “não se refere neste acordo nem a ocupação nem o Estado palestiniano” e por isso “estamos muito distantes de uma solução viável”.

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    14 mins