Jornadas da Consciência: Do Divino ao Humano, do Temporal ao Eterno
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"A Divina Comédia" (1320) - Dante AlighieriDante-personagem empreende jornada através dos três reinos do além, guiado inicialmente por Virgílio (razão) e depois por Beatriz (fé). No Inferno, observa a punição eterna dos pecadores organizados em círculos concêntricos segundo a gravidade moral de seus crimes; no Purgatório, acompanha o processo de purificação das almas através de sete terraços correspondentes aos pecados capitais; no Paraíso, ascende através de nove esferas celestes até a visão beatífica de Deus. Dante estrutura a obra como síntese perfeita entre cosmologia medieval, teologia cristã e experiência poética pessoal, criando correspondências exatas entre geografia moral, arquitetura simbólica e desenvolvimento espiritual. A jornada representa simultaneamente itinerário individual de redenção e modelo universal de elevação da alma humana desde o pecado até a união mística com o divino. A obra funciona como metacrítica que demonstra como a arte pode representar o absoluto através de linguagem humana, integrando conhecimento racional, revelação sobrenatural e intuição estética.
"Fausto" (1808/1832) - Johann Wolfgang von GoetheFausto, erudito insatisfeito com os limites do conhecimento livresco, faz pacto com Mefistófeles para experimentar todas as dimensões da existência humana. A primeira parte explora a experiência sensual e emocional através do amor trágico por Margarida, culminando na destruição da jovem; a segunda parte amplia a busca faustiana para dimensões históricas, políticas e estéticas, incluindo a união simbólica com Helena de Troia e projetos de colonização que beneficiem a humanidade. Goethe desenvolve Fausto como símbolo do homem moderno que rejeita limitações tradicionais em favor da experiência total, explorando tensões entre conhecimento e ação, individual e coletivo, sensual e espiritual. A obra integra todos os gêneros literários (épico, lírico, dramático) e formas de conhecimento (científico, filosófico, artístico), funcionando como "Gesamtkunstwerk" que demonstra a capacidade da arte de sintetizar experiência humana completa. A redenção final de Fausto ocorre através do esforço constante e da ação benéfica, propondo modelo humanista de transcendência baseado na atividade criadora.
"Em Busca do Tempo Perdido" (1913-1927) - Marcel ProustO narrador Marcel empreende jornada retrospectiva através da memória, buscando compreender como o tempo destrói e simultaneamente preserva a experiência humana. A narrativa desenvolve-se através de episódios que alternam entre análise psicológica minuciosa da sociedade francesa (salões aristocráticos, burguesia emergente, mundo artístico) e momentos de revelação estética onde sensações involuntárias recuperam o passado perdido. Proust explora como a memória involuntária, desencadeada por estímulos sensoriais (madeleine, calçamento irregular, guardanapo), permite acesso a essências permanentes que transcendem o fluxo temporal destrutivo. A obra culmina na descoberta da vocação literária como meio de transformar experiência vivida em arte permanente, criando circularidade perfeita onde o livro que lemos é o mesmo que o narrador decide escrever. A estrutura demonstra como a literatura pode recuperar e eternizar o tempo perdido, oferecendo modelo estético de redenção que transforma sofrimento e perda em beleza duradoura através da criação artística.